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Foto do escritorDiego Dutra

O descanso sabático como regra de vida




Vivemos em busca incessante de desejos, que, mesmo quando alcançados, parecem nunca nos satisfazer completamente. Esse ciclo contínuo de busca por mais dinheiro, saúde e estética leva a uma insatisfação crônica, ansiedade e impaciência.


C.S. Lewis sugere que alguns desejos são inerentemente insaciáveis nesta vida, indicando que fomos feitos para encontrar prazer em Deus. No entanto, muitas vezes, buscamos satisfazer esses desejos em conquistas materiais e prazeres terrenos, resultando em uma corrida sem fim e uma vida marcada por estresse e ansiedade.


A proposta é simples: encontrar satisfação em Deus e seguir os ritmos de vida estabelecidos por Ele desde a criação. Neste contexto, destaca-se a importância do descanso sabático como uma prática essencial para uma vida mais leve e fluida. Em um mundo marcado pela pressa e acumulação constante, aprender a descansar torna-se crucial para enfrentar o estresse, a ansiedade e até mesmo prevenir consequências mais sérias, como problemas familiares e de saúde mental.


Assim, ao incorporarmos os princípios divinos de descanso em nossas vidas, podemos aspirar a uma existência mais equilibrada, resiliente e verdadeiramente satisfatória.


O início da história da Terra é descrito como um estado inicial, sem forma e vazio, até que Deus intervém, criando toda a existência. Céus, terra, mares, animais e, por fim, o ser humano são concebidos, e a perfeição reina. No sexto dia, Deus conclui sua obra, e no sétimo dia, Ele não apenas descansa, mas santifica o tempo.


  1. O Significado do Sétimo Dia na Criação


Em Gn 2. 1-3, o autor usa a palavra hebraica "Shabath", que significa literalmente parar, o texto revela que Deus não estava exausto, mas satisfeito com Sua criação. Ele encerra Sua atividade criativa, assumindo o papel de administrador e governante sobre a ordem criada. O descanso sabático não simboliza ociosidade, mas a plenitude da perfeição alcançada.


A ação de Deus na criação não se limitou a formar o mundo; Ele estabeleceu um ritmo de vida. Antes mesmo da Lei de Moisés, o princípio do descanso sabático foi introduzido como um padrão para a humanidade. Este ritmo, delineado no descanso sabático, oferece uma estrutura para a vida humana, promovendo um equilíbrio essencial muito antes de leis e regulamentações. Deus, ao instituir o sétimo dia como sagrado, demonstra Sua preocupação com a qualidade de vida de Seus filhos, convidando-os a seguir um ritmo de descanso e reflexão em meio à jornada da vida.


  1. O Resgate do Descanso Sabático


O relato de Exodo 20.8-10, imagine um povo que passou séculos sob regime de escravidão, trabalhando incansavelmente para fortalecer o império que os oprimia. Agora, após 400 anos, essas pessoas estão emergindo do cativeiro, atravessando o deserto em direção à liberdade. Deus, ao entregar as tábuas da Lei no Monte Sinai, não apenas estabelece os fundamentos éticos, mas também introduz um ritmo de vida baseado em Seu próprio exemplo na criação.


O destaque desse padrão é o descanso sabático, um dia consagrado ao Senhor. Nesse dia, não apenas deveriam descansar, mas dedicar-se a Deus, abstendo-se de atividades laborais. Este mandamento, conectado à narrativa da criação, não é apenas uma ordem, mas um princípio essencial.


Antes de ser uma lei, o Shabath era um princípio norteador, delineando um ritmo de vida diário. A ênfase recai na importância de lembrar de guardar esse dia santo, preservando um estilo de vida que evita a exaustão. Mesmo sob a Nova Aliança, entendemos que esse princípio mantém sua relevância, não como uma obrigação legal, mas como uma diretriz para nossos ritmos de vida.


O contexto bíblico muda quando, ao entrarem na Terra Prometida, o mandamento é recordado ao povo. Agora, ancorado na libertação do cativeiro egípcio, o descanso sabático é ressaltado como uma resposta à escravidão brutal que experimentaram. Deus, ao resgatar esse ritmo de vida, instrui sobre a necessidade vital do descanso.


Em um mundo atual que valoriza o excesso e acumulação, muitos podem se identificar com o sistema egípcio de busca incessante por mais. Mesmo não vivendo em um regime escravagista, a cultura do "mais" pode nos aprisionar, tornando-nos escravos da comparação e da busca constante por realizações pessoais.


Portanto, mesmo que a escravidão moderna não seja tão visível, muitos podem estar presos em um sistema que não permite viver os ritmos de vida que Deus projetou. Este pode ser o cerne da insatisfação, estresse e cansaço que permeiam nossas vidas. É fundamental refletir sobre nossa liberdade real e considerar se estamos inadvertidamente escravizados pelos padrões do mundo, pagando um preço alto pela busca desenfreada por mais.


  1. A Distorção do Descanso


Cl 2.16 “Portanto, que ninguém julgue vocês por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.


Jesus, ao entrar nesse cenário, enfrentou desafios significativos. Suas ações, como curar no sábado, foram alvo de acusações de quebrar o mandamento, e Ele não hesitou em chamar os fariseus de hipócritas. Em seu confronto com a rigidez regulamentar, Jesus não apenas evidenciou a distorção das práticas sabáticas, mas também defendeu a essência do descanso como um presente de Deus, destinado a trazer vida e liberdade, não servidão.


Agora que Jesus chegou, não precisamos mais do sábado como lei, mas do que o sábado representa. O Sábado era uma sombra do que haveria de vir, a saber, Jesus. O Sábado apontava para Ele! Ele é o verdadeiro descanso pré-anunciado pelo Sábado. O descanso sabático apontava para a necessidade de um descanso perpétuo que encontramos em Jesus. Portanto, mais do que guardar o Sábado, precisamos descansar em Jesus. Ele é nosso descanso. Jesus mesmo diz que era o Senhor do Sábado; a consumação do Sábado.


Deus descansou no sétimo dia. Ele estava criando um ritmo de vida para nós, seres humanos. Ele santificou esse dia para que pudéssemos não somente descansar e usufruir da natureza criada, mas para que tivéssemos tempo para O adorarmos. Portanto, o sétimo dia é um dia para descanso e adoração. Não numa perspectiva legalista, mas como um presente que Deus nos dá.

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