Quando alguém nos prejudica, as reações podem variar. Alguns confrontam diretamente, enquanto outros preferem ignorar e seguir em frente. Há também aqueles que guardam rancor. A Bíblia oferece orientações sobre como lidar com essas situações, embora nem sempre sejam fáceis de aplicar. A abordagem madura e bíblica envolve enfrentar o problema, conforme descrito em passagens que oferecem direções claras, mesmo que essas medidas sejam impopulares e desconfortáveis.
Vá ao Encontro do Irmão que Pecou
Mt 18.15 — Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o em particular. Se ele ouvir, você ganhou o seu irmão.
Jesus instrui seus discípulos sobre como lidar quando um irmão peca contra eles. Em vez de buscar confrontos públicos ou espalhar fofocas, Jesus aconselha abordar a pessoa diretamente. A repreensão deve ser feita de maneira particular e com o objetivo de promover arrependimento e perdão, não para humilhar. A importância de cuidar do próprio coração e abordar a situação com compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. O confronto é necessário para evitar o acúmulo de mágoa e rancor, mas deve ser conduzido com cuidado. Caso não haja arrependimento, há um processo progressivo que envolve testemunhas e, em último caso, a exposição à comunidade. A disciplina eclesiástica visa proteger a integridade da comunidade, não para excluir, mas para possibilitar o arrependimento. Devemos viver em comunidade, suportando uns aos outros, assim como criar uma cultura de transparência e vulnerabilidade.
Quantas vezes devo perdoar?
Mt 18.21Então Pedro, aproximando-se, perguntou a Jesus: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? 22Jesus respondeu: Não digo a você que perdoe até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Para muitos de nós, perdoar pode parecer uma tarefa desafiadora, exigindo um desprendimento de energia que preferiríamos evitar. Alguns podem estar dispostos a perdoar uma vez, mas se a pessoa reincidir, a situação se torna intolerável. Os rabinos, seguindo uma lógica semelhante, toleravam até três vezes um pecado reincidente. No entanto, Pedro, buscando a aprovação de Jesus, pergunta se deveria perdoar até sete vezes, ultrapassando a generosidade dos rabinos. Jesus, no entanto, desafia a ideia de limites no perdão. Ele destaca que o perdão não deve ser contabilizado como uma moeda de troca; em Mateus, menciona perdoar 70 vezes 7, sugerindo um número incontável. Em Lucas, Jesus enfatiza o perdão ilimitado, indicando que devemos perdoar sete vezes no mesmo dia, se necessário. A mensagem é clara: cultivar um espírito de perdão sem restrições.
Em que medida devo perdoar?
Cl 3.13Suportem-se uns aos outros e perdoem-se mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem também uns aos outros.
Paulo nos orienta que a base do perdão é a magnânima concessão de Deus para conosco. Reflita sobre o fato de que nossos pecados ofendem a santidade divina, e todos merecemos condenação eterna. No entanto, o amor imenso de Deus nos perdoou. Éramos inimigos, mas através do sacrifício de Cristo, fomos reconciliados e nos tornamos Seus amigos. Deus perdoou nossos pecados passados, presentes e futuros, abrangendo pensamentos, palavras, atos e omissões. Então, quem somos nós para hesitar em perdoar o próximo?
Em Mateus 18, Jesus continua a orientar sobre como lidar quando alguém nos prejudica, seguindo os princípios do Reino de Deus. Ele ilustra isso com uma parábola poderosa:
O Reino dos Céus é comparável a um rei que resolve acertar contas com seus servos. Um servo lhe devia uma quantia astronômica, 10 mil talentos, equivalente a mais de R$ 110 bilhões nos dias de hoje. Diante da impossibilidade de pagamento, o rei, com compaixão, perdoa a dívida inteira. Essa parte da parábola retrata nossa relação com Deus, onde Ele, como Justo Juiz, ajustará contas em nosso julgamento final. Contudo, devido à Sua misericórdia, Ele perdoa nossa dívida impagável quando suplicamos por perdão.
O mesmo servo perdoado, ao sair, encontra um conservo que lhe devia cem denários, uma quantia significativamente menor. Surpreendentemente, ele se recusa a perdoar essa dívida mínima, sufocando e lançando seu conservo na prisão. Esse comportamento egoísta revela a ingratidão e falta de compreensão do perdão recebido.
A parábola destaca que a falta de perdão gera tristeza entre os observadores e indignação no rei. O servo ingrato é lançado na prisão até que pague toda a dívida, o que é humanamente impossível. Jesus conclui, advertindo que assim também nosso Pai celestial agirá conosco se não perdoarmos sinceramente nossos irmãos.
Aqueles que se recusam a perdoar podem encontrar-se aprisionados em uma masmorra emocional, escravizados por sentimentos de amargura. A libertação requer coragem para enfrentar desavenças, repreender com amor e, diante do arrependimento, conceder o perdão.
Conclusão
Certamente, perdoar não é uma tarefa simples. Ignorar o problema apenas perpetua o desconforto, sem solucioná-lo. Empurrar a sujeira para debaixo do tapete apenas contribui para um acúmulo indesejado. A solução real reside em enfrentar a situação de frente, em uma conversa honesta e direta.
Portanto, nossa responsabilidade é submeter-nos aos meios de graça, como o culto, a Ceia, a oração pública e particular, a leitura bíblica devocional e a comunhão dos santos. Ao fazê-lo, permitimos que nossa fé seja fortalecida, capacitando-nos a perdoar nosso irmão de maneira genuína e transformadora.
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